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quarta-feira, 20 de julho de 2011

CRUZADA CONTRA MINORIAS: OS TEMPOS MEDIEVAIS REFLETIDOS NA ATUALIDADE

Depois de um bom tempo sem postar nenhum texto neste meu espaço, sinto-me forçado pelas circunstâncias a escrever algo referente à nova onda de defesas e contraposições aos direitos dos grupos denominados GLBT (e demais siglas) e demais minorias de gênero ou de etnia.
Que bom seria se essas discussões sobre direitos fossem permeadas por critérios científicos, metodológicos, por um pensar criterioso, analítico, embasados numa lógica estrutural e com argumentação sólida, laica, sem influência de falácias e sofismas desestruturantes de um pensar crítico e positivo. Que bom seria se o diálogo fosse abrangente e aberto entre a Fé e a Razão.
Lamento o fato do discurso estar sendo cadenciado pelo medo, preconceito e ignorância, amparados numa moral questionável para nossa época e numa fé não esclarecida e midiática, que tem como sintomas endêmicos a miséria humana, a falta das letras e do senso crítico e o apelo maximizado a emoção irracional. Me sinto vivenciando, na era moderna, ventos fortes de um tempo tenebroso: o medieval.
Não estou aqui para fazer defesa a favor ou contra, somente chamar a todos à razão. Coloquemos nossos interesses mesquinhos, hipócritas, malévolos e irrizórios de lado e pensemos no valor humano de cada pessoa, nos coloquemos no lugar do outro, coloquemos como fim último de análise o Ser Humano como humano, como ser que busca a felicidade, porém visto na sua singularidade. Coloquemos nosso lado animal sobre efeito de domesticação necessária amparada pelas leis positivadas e legitimadas e pela salutar coleira da bondade e racionalidade.
Considero muito pedantismo das pessoas, quando se denominam baluartes representantes de Deus/Cristo ou da Moral, defenderem, simbolicamente e camufladamente, uma nova Cruzada religiosa ou legalista contra seus póprios pares humanos seja a que custo for. Toda Cruzada em nome de um Deus ou de um Ser Transcendental ou de uma Moral exclusivista, ou de um Estado Absolutizado, como denota-se na história, propiciou um derramamento de sangue cruel e virulento de revoltas, massacres, ódios, rancores e bestialidade. Acabou por demonstrar que o fruto da barbárie é a própria sensação de barbarie. Perante a brutalidade, Deus e seus ensinamentos ficam em segundo plano enquanto símbolo de amor, perdão, acolhida, entendimento, compreensão e união.
Quem é o comandante máximo dessa guerra santa contra os ditos opositores da fé e da moral: Deus ou o próprio H representado por alguns expoentes absolutistas da fé irracional? Quem impõe essa moral ou religião do desafeto pelo afeto a uma fé/moral exploratórias da inocência do outro: Deus ou o Homem representado pela sede de poder, posse e fama? Por que numa era da informação existe tanta desinformação quanto ao valor do Ser Humano enquanto humano? Como encontrar o valor divino deixado como marca no humano nos mais escusos desejos egoísticos atuais?
Engraçado que muitos dos que comungam com a óstia sagrada, com os valores de Cristo, com as Verdades da fé, são os mesmos que corrompem, desviam verbas públicas, hostilizam os inocentes, banalizam as necessidades vitais de seus conterrâneos, usurpam dos poderes não conferidos a esses, mentem, caluniam, se comportam como ratos elegantes numa sociedade ilusória em suas mentes doentes.
Quem realmente não for pecador, que nunca mente, que nunca calunia, que exerce a tolerância, que é puro atire a primeira pedra aos menos favorecidos. Tem alguém ai? Cristo foi o primeiro a pregar que primeiro olhemos nossas fraquezas, ilusões, nossas falhas para depois avaliarmos o próximo. Aprendamos que o ato de julgar sempre é um ato inicialmente intrinseco a nós e não ao outro.
Enquanto a humanidade estiver polarizada em interesses violadores da dignidade humana, da paz mundial, do amor ao próximo, do valor da acolhida, nunca chegaremos a um mundo possível e mais integrativo.
Quantas fogueiras ainda serão armadas, quantas sicutas ainda serão destiladas, quantos porões mortíferos ainda serão tolerados, quantas masmorras ainda serão desejadas, para demonstrar que estamos precisando repensar o caminhar da humanidade.
Será interessante o dia que percebermos que nossos irmãos cristãos, muçulmanos, budistas, xintoístas, umbandistas, exótéricos, cultuadores dos Orixás, seja lá de que expressão religiosa for, estiverem percebendo que o diálogo construtivo, agregador e pacificar deve ser o valor máximo balisador da convivência na terra.
Quantas guerras contra a ignorância e a bestialidade ainda teremos que travar em nome da fraternidade universal, dos Direitos Humanso, dos direitos das minorias e dos menos favorecidos?